Farmácias vendem dados de consumidores para empresas de cobrança

Após ficar desempregado contraí uma dívida impagável no cartão de crédito, devo a uma instituição financeira o equivalente a R$53.500,10, a maior parte desse valor se refere aos juros que foram cobrados ao longo dos últimos 8 anos; a dívida é antiga e meu nome já saiu dos órgãos de proteção ao crédito, porém continuo recebendo cobranças durante vários anos.
Em virtude de receber tanta cobrança em meus telefones já adotei uma estratégia para evitar que as empresas descubram o número do meu telefone, caso contrário não consigo fazer nada.
Todos os dias recebia pelo menos 10 ligações de cobrança, algumas delas era ligações automáticas que falavam apenas “alô” e desligavam, provavelmente era só um bot (robô) querendo saber qual é o melhor horário para conseguir fazer com que eu atenda a ligação.
Cansado de tanta cobrança adquiri um chip pré-pago em uma banca de jornal no dia 04 de Setembro de 2018. O cadastro do chip foi feito no CPF de um amigo que nem mora mais no Brasil.
Nesse mesmo dia precisei ir ao médico, pois estava com uma infecção urinária. Veja só o que aconteceu quando fui na farmácia cobrar remédio.
Chegando na farmácia com a receita do antibiótico fui informado pela farmacêutica? – O remédio custa R$73,00, mas se tiver o cadastro da farmácia sai por R$36,00. O cadastro é gratuito, só precisamos do seu CPF e um telefone de contato.
Poxa! Quase 50% de desconto, aceitei.
Informei o meu CPF e o número do chip pré-pago que acabei de comprar naquele dia. Saí feliz, pois paguei R$36,00 em um medicamento que supostamente custaria R$73,00 caso eu não tivesse o bendito cadastro gratuito na farmácia.
DIAS DEPOIS AS EMPRESAS DE COBRANÇA ME DESCOBRIRAM Não informei o número pré-pago para ninguém, sequer tive tempo para isso, acabei usando aquela linha apenas para acessar a internet.
No dia 02 de Outubro de 2018 o meu celular toca, estranhei pois não havia dado aquele número novo para ninguém.
Ao atender veio a decepção, a ligação era do escritório de cobrança.
Disse que não tinha condições de pagar a dívida. Não adiantou, continuei recebendo ligações ao longo do dia e, pior, várias ligações vinham de números de DDDs diferentes e eram ligações automatizadas, robôs diziam quando eu atendia: – Alô… – Alô… está me ouvindo? – Oi….
O engraçado era que a ligação sempre caia após eu falar alô. Provavelmente era o sistema automatizado da empresa de cobrança tentando descobrir qual é o horário mais provável que eu atenda a ligação para que um funcionário do escritório de cobrança entre em contato comigo com sucesso.
Conclusão que cheguei: O cadastro que fiz na farmácia é vendido para escritórios de cobrança, só assim eles teriam acesso ao meu novo número de celular.
É muita inocência achar que a farmácia vai lhe dar quase 50% de desconto no medicamente só porque você informou o CPF e o número de telefone. Os seus dados são comercializados pelo estabelecimento.
Para forçar o consumidor a informar o Cadastro de Pessoa Física muitos lugares têm imposto a seguinte estratégia: Compra com CPF = Preço real do produto Compra sem CPF = Produto superfaturado para obrigar o consumidor a informar o CPF
Essa invasão de privacidade e comercialização ilegal de dados não se limita as farmácias, vários estabelecimentos estão adotando preços diferenciados para quem possui ou não o cadastro da loja.
Já troquei de chip de celular; comprar medicamento agora só com número de telefone incorreto e, quando possível, sem CPF.